top of page

Stress e burnout: entenda as principais diferenças

Atualizado: 26 de nov. de 2020


Estresse é uma reação psicofisiológica do organismo que ocorre quando a pessoa se confronta com situações que de algum modo a irrite, amedronte, confunda ou até mesmo a faça feliz (LIPP, 1996).

Selye (1959), pioneiro no estudo do estresse, propôs que o mesmo se desenvolve em 3 fases (modelo trifásico): Alerta, Resistência e Exaustão. Porém, Lipp (2014), no decorrer da padronização do Inventário de Sintomas para o Stress em Adultos (ISSL), encontrou uma quarta fase, a qual foi denominada de “quase exaustão”, sendo uma continuidade da fase da resistência. Desta forma, a autora sugeriu uma mudança no modelo trifásico proposto por Selye, afirmando que o estresse se desenvolveria em 4 fases:

Na fase de alerta, a pessoa precisa de mais força para enfrentar a demanda exigida. A percepção dessa situação ativa o mecanismo de luta ou fuga a qual ativa a produção de adrenalina e noradrenalina, que produzem um aumento de motivação no indivíduo e à curto prazo, aumento da produtividade. Os sintomas mais comuns desta fase são: mãos e pés frios, boca seca, desconforto no estomago, aumento de suor, tensão muscular, diarreia, dificuldades para dormir, taquicardia, respiração ofegante, hipertensão, entusiasmo súbito e geralmente são passageiros, de 1 a 2 dias.

Na fase de resistência o organismo busca a homeostase, o que gasta muita energia, portanto nesta fase é comum haver uma sensação de desgaste sem motivo aparente, dificuldades com a memória, entre outras consequências (LIPP, 2003).

Na fase de quase exaustão, as defesas do organismo começam a ceder e não consegue resistir às tensões e restabelecer a homeostase, porém em alguns momentos o organismo consegue resistir, mas logo cede novamente. É comum nesta fase, a pessoa apresentar oscilações de bem-estar e desconforto. Entre os sintomas mais comuns estão: problemas de memória, mal-estar, desgaste físico e mental, mudança de apetite, hipertensão sensibilidade emotiva, problemas dermatológicos, cansaço constante, tonturas, irritabilidade, dúvidas em relação a si (LIPP, 2014).

Por fim, na fase de exaustão, o organismo não tem mais forças para resistir ao estressor, há exaustão psicológica e física o que contribui para o aparecimento de doenças como depressão, hipertensão, entre outras (LIPP, 2003). Esta fase tem uma duração maior que as outras durando 1 mês ou mais e os principais sintomas são: diarreia frequente, dificuldades sexuais, insônia, tiques, hipertensão, mudança extrema de apetite, tonturas frequentes, úlcera, impossibilidade de trabalhar, vontade de fugir de tudo, cansaço excessivo, angustia, hipersensibilidade emotiva, perda do senso de humor, etc.

No contexto docente, as formas como cada professor pode lidar com as suas situações de mal-estar podem variar de acordo com a maneira como ele percebe a situação. O grau de mal-estar docente depende da forma como lida com potenciais fontes de mal-estar, podendo esta forma de lidar ser aprendida.

O estresse, embora seja usualmente cunhado com uma conotação negativa, pode integrar-se no conceito de bem-estar docente, com base na distinção entre as situações de distress e de eustress (JESUS, 2002; 2007).

Como exemplo, no caso do professor, perante uma situação profissional, a avalia como difícil e exigente, pode atuar utilizando competências e estratégias na tentativa de lidar com a situação. Em caso de conseguir ser bem-sucedido, trata-se de uma situação de eustress, pois o professor otimiza o seu funcionamento adaptativo de tal forma que, se no futuro for confrontado com uma situação semelhantes, apresentar-se-á mais autoconfiante e terá maior possibilidade de resolver a situação desafiadora. No entanto, se o professor não for bem-sucedido e a tensão permanecer elevada durante muito tempo, pode manifestar sintomas de distress que traduzem a sua má adaptação à situação de exigência em que se encontra.

Enquanto o estresse pode ter efeitos positivos ou negativos, o burnout é sempre negativo, significando o resultado, não apenas do estresse em si, mas da falta de um sistemas de defesa ou de uma forma adequada de lidar com o estresse (JESUS, 2007).

Em muitos casos associado ao conceito de estresse, o burnout é considerado como uma resposta ao estresse profissional prolongado e crônico que envolve três componentes: a exaustão emocional e/ou física, a despersonalização e a falta de envolvimento no trabalho, que pode ocorrer quando as capacidades ou competências de resistências e as estratégias de utilizadas pelo sujeito se revelam inadequadas ou insuficientes para lidar com tais situações.

O burnout na categoria profissional docente, age como um ciclo degenerativo de sua eficácia laboral, configurada como um conjunto de consequências negativas que afetam o professor a partir de uma ação combinada de condições psicológicas e sociais em que se exerce a docência, não devendo ser confundido com estresse.



Estudos comprovam que um dos grupos que mais sofre com o esgotamento (burnout), são os professores. Como consequência, os relacionamentos e processos de ensino e aprendizagem são afetados negativamente, com prejuízos para todos.



Promovemos uma formação multidimensional para promoção da saúde docente.



Conheça o ‘Programa de Apoio ao Bem-estar Docente’ ou faça um contato.

Adelar Sampaio é idealizador do Programa de Apoio ao Bem-estar Docente, doutor e mestre em Educação pela PUCRS.


Referências

JESUS, S. N. Perspectivas para o bem-estar docente. Porto: ASA Editores, 2002.

JESUS, S.N. Professor sem stress. Porto Alegre: Mediação, 2007.

Lipp, M.E.N. Pesquisas sobre stress no Brasil: saúde, ocupações e grupos de risco. Campinas, SP: Papirus, 1996.

LIPP. M.E.N. Modelo Quadrifásico do Stress. In Lipp. M. E. N. (org). Mecanismos Neuropsicofisiológicos do Stress. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

LIPP, M.E.N. Manual do Inventário de Sintomas de Stress para adultos de Lipp. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.

NÓVOA, A. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 47, n. 166, p. 1106-1133, 2017.

PENTEADO, R.Z.; SOUZA NETO, S. Mal-estar, sofrimento e adoecimento do professor: de narrativas do trabalho e da cultura docente à docência como profissão. Saúde Soc. São Paulo, v.28, n.1, p.135-153, 2019.

SAMPAIO, A. A. Programa de Apoio ao Bem-estar Docente: construção profissional e cuidar de si. 2008. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação da PUCRS, Porto Alegre, 2008.

SELYE, H. Stress: A tensão da vida. São Paulo: Ibrasa, 1959.

 
 
 

Commentaires


bottom of page