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A relação entre autoeficácia e saúde docente



O contexto laboral é delicado, complexo e também único. É onde passamos a maior parte do nosso tempo, onde construímos relações, onde temos responsabilidades diferentes de outros contextos onde nos movemos; é, portanto, um ambiente diferenciado, onde se necessitam obter resultados práticos, visíveis e (muitas vezes) quantificáveis.

Na avaliação de processos de saúde, entende-se que os docentes estão saudáveis, não só quando eles não estão doentes, mas quando também estão em um estado de desempenho ideal, estão motivados, satisfeitos, comprometidos com a organização e adaptados ao seu ambiente de trabalho. Portanto, dispor de saúde ocupacional, significa se sentir competente e ativo no ambiente laboral e desfrutar de bem-estar, energia e relações de apreciação (SALANOVA, LLORENS e SCHAUFELI, 2011).

A autoeficácia do professor está associada a importantes resultados educacionais, é um significante preditor da resiliência educacional e envolve: persistência diante das dificuldades, flexibilidade no uso de estratégias, manutenção do nível de desempenho acadêmico e modificação de formas de abordar tarefas, evitando, assim, o fracasso (BANDURA, 1997).

A autoeficácia atua também como um preditor do sucesso acadêmico do aluno, pois quanto maior a autoeficácia do professor, mais adequada será a escolha das estratégias de ensino, as explicações relativas ao conteúdo, às características dos alunos, o controle em sala de aula, as estratégias de enfrentamento e a persistência diante de situações difíceis, o entusiasmo, o compromisso e as metas pessoais (AZZI et al., 2006).

Por esta e outras razões, o engagement, o compromisso e o sentimento de autoeficácia surgem como conceitos fundamentais para o sucesso Do trabalho docente e da sobrevivência de qualquer organização.

Emergente na década de 1970, Bandura (1997) define a autoeficácia como as crenças do indivíduo nas suas capacidades para organizar e executar as ações desejadas para produzir resultados esperados. É também, um mecanismo cognitivo de autocontrole pessoal muito importante.

A teoria da autoeficácia de Bandura ganhou uma importância crescente pelo poder explanatório e compreensivo dos mecanismos associados ao êxito e ao fracasso do desempenho humano, razão pela qual tem sido adotada como uma menção teórica sobre a atividade humana.

Bandura (1997) defende que, para se compreender o desenvolvimento e a adaptação do ser humano, não basta considerar a atividade humana como produto da relação entre um estímulo proporcionado pelo meio ambiente e a resposta desencadeada pelo sujeito. Para Bandura, o comportamento deve ser analisado em função da interação recíproca e contínua entre as condições ambientais, as cognições e as ações do sujeito, e quanto maior for a autoeficácia percebida, maior será o esforço e a persistência do indivíduo.

A partir dessas considerações, a autoeficácia pode proporcionar os seguintes efeitos:

a) As pessoas selecionam as ações em relação às quais sentem capacidade e a competência e evitam as restantes. A convicção nas suas capacidades e a percepção de competência para a execução de determinadas atividades está diretamente relacionada com níveis de autoeficácia elevada e que garantem as crenças de execução.

b) As pessoas com níveis elevados de autoeficácia esforçam-se mais e apresentam maior resistência perante resultados ou condições adversas comparativamente em relação àqueles que apresentam menores níveis de autoeficácia.

c) As pessoas com crenças de autoeficácia elevadas apresentam melhores desempenhos nos seus domínios de atuação, isto é, têm “melhores resultados efetivos”.

d) As pessoas com níveis de autoeficácia elevada desenvolvem maior equilíbrio emocional, pensamento positivo e persistência nas tarefas. Pelo contrário, as pessoas que se percepcionam como pouco eficazes criam afetos negativos e padrões de pensamento que perturbam o desempenho e o êxito nas suas atividades, produzem resultados inferiores e desconcentram-se na execução das tarefas.

Como influenciador da automotivação, através do seu impacto sobre metas e aspirações, é graças ao “acreditar” que os sujeitos determinam a escolha dos seus desafios, o nível de esforço e a perseverança perante as dificuldades que possam aparecer, moldando também as expectativas que advêm da aprendizagem e a forma como as pessoas vêem a sua situação de vida.


Referências:

AZZI, R. G., POLYDORO, S. A. J.; BZUNECK, J. A. Considerações sobre a autoeficácia docente. In R. G. Azzi & S. A. J. Polydoro. Autoeficácia em diferentes contextos (pp.149-159). Campinas: Alínea, 2006.

BANDURA, A. Self-efficacy: toward a unifying theory of behavioral change. Psychological Review, 84 (2), 191-215, 1977.

SALANOVA, M.; LLORENS, S.; SCHAFELI, W.B. Yes, I can, I feel good, and I just do it! On gain cycles and spirals of efficacy beliefs, affect, and engagement. Applied Psychology: An International Review, 60, 255-285, 2011.


Adelar Sampaio

  • IDEALIZADOR do “Programa de Apoio ao Bem-estar Docente” (SAMPAIO, 2008);

  • DOUTOR e MESTRE em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS;

  • LICENCIADO em Pedagogia e Ed. Física.

  • EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL de 25 anos no magistério, com atuação na Educação Básica e Ensino Superior.

  • DOCENTE na Unioeste no curso de Educação Física Licenciatura.

  • PESQUISADOR dos temas Bem-estar, Mal-estar Docente, Saúde Docente.

  • AUTOR de diversos artigos publicados em periódicos e eventos científicos nacionais e internacionais na área da Educação e Saúde.

 
 
 

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